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Crise do metanol acende alerta e mostra difícil combate à adulteração de bebidas!

Crise do metanol acende alerta e mostra difícil combate à adulteração de bebidas!

Usado nos processos de adulteração para baratear o custo das bebidas e aumentar o teor alcoólico, o metanol é uma substância que se torna mais tóxica dentro do organismo, interferindo no funcionamento de diversos órgãos e alterando até o pH do sangue, tornando-­­o mais ácido. Assim como o etanol, ele é transformado em outras substâncias no fígado. E é assim que uma reação em cadeia devastadora pode acontecer. Ali, ele vira formaldeído e ácido fórmico, duas moléculas que causam danos graves aos rins, aos olhos e ao sistema nervoso. “Não existe uma dose mínima segura para a ingestão de metanol”, diz o toxicologista Alvaro Pulchinelli Jr., presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial.

“A pessoa pode tomar uma única vez e apresentar sintomas graves.” Por essa razão, o Ministério da Saúde emitiu uma nota recomendando que, se houver suspeita de contaminação, como a presença de cólicas, náuseas e alterações visuais de seis a 24 horas depois do consumo de bebidas, as pessoas procurem atendimento médico quanto antes para receber um antídoto. “Não é queimação, não é azia. A dor é em cólica, algo que chama atenção nesses casos”, disse o ministro Alexandre Padilha, buscando diferenciar essas manifestações daquelas tipicamente atribuídas a a uma ressaca.

Bastam 10 ml de metanol concentrado, o equivalente a uma colher de sobremesa, para enfrentar reações como a destruição de células do nervo ópti­co. Foi o que ocorreu com uma das vítimas, atendida com queixa de cegueira depois de consumir destilados. Manchas escuras, luzes e flashes à vista acendem o alerta e a necessidade de ir a um hospital para conter os danos. “Quando a célula nervosa morre, não tem como reverter. Não existe tratamento para isso”, diz o oftalmologista Fábio Ejzenbaum, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que socorreu um dos casos. Se a dose é maior, os desfechos se agravam. Duas colheres de sopa ou 30 ml podem levar à morte. “O perigo é que as pessoas só se dão conta do problema depois do quadro de intoxicação”, afirma Pulchinelli Jr.

Apenas análises laboratoriais podem constatar a presença desse álcool em bebidas engarrafadas — qualquer teste caseiro é desaconselhável, diga-se. O que acendeu o alerta das autoridades sobre a contaminação foi uma movimentação atípica nos indicadores de intoxicação, com o relato dos primeiros episódios em junho, segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. A partir de agosto, a situação se avolumou. No Brasil, cerca de vinte casos de intoxicação por metanol são registrados por ano e estão relacionados principalmente ao uso por moradores de rua que convivem com a dependência alcoólica ou em tentativas de suicídio. Desta vez, porém, a curva ascendente disparou o alarme. “Em agosto e setembro, tivemos o volume do que se esperaria para um ano todo concentrado em um só estado”, disse Padilha.
Embora nada indique haver risco de proporções epidêmicas, o Ministério da Justiça e a Polícia Federal anunciaram a abertura de um inquérito para investigar a escalada de casos e a possibilidade de a distribuição de bebidas contaminadas ter chegado a outros estados. Em Pernambuco, duas mortes e um caso de cegueira são apurados. No primeiro balanço sobre as fatalidades em São Paulo, a secretaria estadual de Saúde indicou que as três primeiras vítimas, de São Bernardo do Campo e da capital paulista, eram um homem de 58 anos, outro de 54 anos e um terceiro de 45 anos. Outros dois registros foram citados pelo governador Tarcísio de Freitas durante o anúncio da criação de uma sala de emergência para lidar com a crise.

Operações para desmantelar o esquema criminoso já estavam em andamento e foram intensificadas. O mínimo que se espera é que os responsáveis pela contrafação sejam detidos e punidos. Os estabelecimentos onde os casos ocorreram foram fechados para dar andamento às investigações e seus nomes não foram divulgados oficialmente. Em Americana, no interior paulista, agentes fizeram uma inspeção em uma fábrica clandestina de uísque, gim e vodca em uma chácara na zona rural e recolheram quase 18 000 produtos. No entanto, não encontraram metanol. “Nos últimos dias, apreendemos cerca de 50 000 garrafas de bebida com suspeita de adulteração e 15 milhões de selos fraudados. Temos um problema que não é só do estado de São Paulo, é um problema do Brasil”, declarou o governador paulista. Outras 128 000 garrafas de vodca foram lacradas em Barueri, na Grande São Paulo, até a entrega de documentação.

Desde que as notícias sobre os casos de intoxicação por metanol começaram a ganhar força, muitos bares, restaurantes e hotéis foram às redes sociais para reforçar o compromisso com a compra de garrafas de maneira legal e a preocupação com a segurança de quem consome as bebidas em seus estabelecimentos. Nos últimos dias, a movimentação se intensificou. Há um receio de que a venda de coquetéis e garrafas diminua, e a oferta de bebidas representa uma receita importante. Uma diminuição drástica do consumo pode afetar de forma severa o caixa desses bares e restaurantes. Mesmo estabelecimentos premiados e indicados em guias estão se manifestando publicamente em prol da causa — e dos fregueses, em postura fundamental.

A cautela é atalho para evitar uma desnecessária onda de pânico. As ações precisam estar atreladas ao desbaratamento de esquemas criminosos para preservar negócios ligados ao lazer que prezam pelo bem-estar de seus consumidores. As medidas investigativas e punitivas devem se inspirar nas orientações médicas de socorro imediato para sufocar os efeitos deletérios do metanol na sociedade e desmantelar, com sobriedade, a engrenagem que transforma brindes e diversão em desgraça.

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